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sábado, 10 de maio de 2014

Por que visitar o Memorial da Resistência, em São Paulo

Mural com fotos de vítimas da repressão. Muitos estão desaparecidos até hoje.

Enquanto os paulistanos aguardam a recuperação e restauração do centro antigo de São Paulo, a cultura pulsa na região e nos arredores onde nasceu a cidade. Prédios abandonados e ocupados em situação de degradação - no mesmo local onde viciados em crack perambulam, em particular pelas ruas da região da Luz, e motoristas suam a camisa para encontrar algum lugar aonde estacionar seus carros - dividem espaço com edifícios histórico-comercias recém restaurados, residenciais em fase de lançamento e prédios destinados à arte e cultura que transformam a paisagem urbana defasada e nos fazem crer que a Nova Luz está em vias de surgir, de fato.

Estamos falando de edifícios que, há anos, abrigam instituições culturais como Museu da Língua Portuguesa, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Sala São Paulo, Memorial da Resistência... responsáveis por levar ao público apresentações de artistas de renome e exposições de valor artístico incalculável. Na tarde deste sábado (10), pela primeira vez, 'O guia' visitou o Memorial da Resistência, instituição localizada no prédio da Estação Pinacoteca (metrô Luz), que foi arquitetado por Ramos de Azevedo no início do século 20 para abrigar escritórios e armazéns da Companhia Estrada de Ferro Sorocabana. Lá, está em cartaz até 1º de junho a exposição Quando eu não puder mais falar, vocês falarão por mim, que tem como tema os mortos e desaparecidos políticos na época da ditadura. A mostra é gratuita.  

O Memorial da Resistência é, hoje, espaço dedicado à memória de militantes, ex-presos políticos, artistas, entre outros, vítimas do regime político mais duro e violento da história brasileira. De 1940 a 1983, o local abrigou o Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo (Deops/SP). No período ditatorial (1964-1985) o Deops/SP foi usado para encarcerar, interrogar e torturar quem era contrário ao regime e, por esse motivo, considerado subversivo pelo Estado.

Facetas de um regime impiedoso, que usou a força para tomar o Poder e permanecer nele, estão impressas nos recortes de jornal da época, nas cartas e nos depoimentos de parentes das vítimas, nas frases escritas nas paredes das celas, nos índices que espantam a quem conhece o verdadeiro valor do direito à liberdade de expressão e opinião. Em um período no qual questionar significava uma ameaça à ordem pública, quem ousava lutar contra as imposições do regime tinha de viver na clandestinidade sob o risco de ser expulso do próprio país ou torturado até a morte.

A geração que agora toma as ruas e conheceu a ação truculenta do Estado brasileiro apenas por meio dos livros de história tem pouca ou nenhuma noção do que foi viver sob a força da milícia. Mas, quem foi refém do regime tenta explicar o medo e a angústia que sentia diante da mira dos militares. Os depoimentos estão registrados em uma das celas do memorial. "A tortura começava ali, no barulhinho da chave", disse um dos presos. Um outro, lembra: "Dependendo da maneira como o carcereiro abria a porta, a gente percebia o que era: se era para chamar alguém para a tortura, se era alguém chegando, se era comida que estava vindo...".

Que a história e, principalmente, a memória nos ensinem que a força física e inescrupulosa é a maneira mais covarde e imoral de conduzir uma nação. Fatos históricos que confirmem isto não são poucos.    

Cela do antigo Deops/SP.
          
Celas chegavam a abrigar 18 militantes contrários ao regime.

Cela (detalhe).





Os números da repressão.

Serviço:
Memorial da Resistência
Quando eu não puder mais falar, vocês falarão por mim
Largo General Osório, 66 (metrô Luz)
Telefone: (11) 3335-4990
Terça a domingo, das 10h às 18h
Entrada gratuita
Sem estacionamento. Pode-se utilizar o estacionamento da Sala São Paulo (entrada pela Rua Mauá, 51).

quinta-feira, 8 de maio de 2014

O que ver em SP na Virada Cultural 2014

Ira! fará show na Julio Prestes dia 17/5 às 18h. (Foto: Gabriel Wickbold)

Por ene razões, após quase um ano de pausa 'O guia' volta por um bom motivo. Como você deve saber, no próximo dia 17 (sábado), a partir das 18h, começa a maratona cultural que há uma década leva música, teatro, dança e apresentações artísticas diversas às ruas e aos palcos da capital paulista. É a Virada Cultural 2014.

São tantas opções que invadem São Paulo durante 24 horas intensas de arte e cultura que deve bater aquela dúvida: o que ver afinal na Virada Cultural? É assim com a gente, deve ser assim com você. Já que não podemos estar em vários lugares ao mesmo tempo resolvemos consultar a programação e separar o que mais nos agradou. Vambora?  

Música
Quem curte um som mais intimista pode ficar com Ira! que se apresenta às 18h do dia 17 no Palco Julio Prestes, onde à meia-noite sobe Vanessa da Mata, com canções de Segue o som, álbum autoral lançado recentemente. Para os amantes do samba clássico, na manhã de domingo (18), às 10h, Demônios da Garoa faz show no Palco do Largo General Osório. Às 15h, Elza Soares solta a voz no Teatro Municipal, onde apresentará canções do álbum A bossa negra, de 1981. Que tal?

Teatro
O Pátio do Colégio e arredores ficará reservado à arte do palco propriamente dita. Uma série de apresentações de teatro serão realizadas no espaço a partir das 18h de sábado (17), entre elas, A vida sexual da mulher feia, espetáculo protagonizado por Otávio Müller. Inspirado em uma obra best-seller, a peça aborda a ditadura da beleza. A apresentação acontece às 14h. Quer saber quais são as outras opções? A lista completa dos espetáculos teatrais está aqui, ó: http://bit.ly/RrgYY9.  

Dança
Primeira bailarina do Teatro Municipal do Rio de Janeiro desde 1981, Ana Botafogo apresenta, junto com Luis Arrieta, no Vale do Anhangabaú, às 21h30, o espetáculo O cisne. Pode ser a única chance de ver de graça a renomada e premiada dançarina do balé clássico. Anote na agenda, é emoção na certa! 

Durante o evento, o local abrigará diversas apresentações de dança.

Viradinha Cultural
As crianças também têm vez na maratona cultural que mexe com a capital paulista. Pelo segundo ano consecutivo, será realizada a Viradinha Cultural, evento destinado aos pequenos regado a música, dança, teatro e oficinas culturais. Todas as atividades acontecem durante o dia na Praça Roosevelt. 

Entre as atrações, está a banda Pato Fu, de Fernanda Takai, e Giramundo, que interpretam Música de Brinquedo, às 17h de domingo (18). No local, haverá ainda apresentações circenses para os adultos no período da noite.

Virada Educação
Com a proposta de levar aprendizado e cultura para além dos muros das escolas, este ano acontece ainda o Virada Educação, projeto criado pelo Movimento Entusiasmo. Mais de 60 atividades, para todos os públicos, serão realizadas em escolas da região central e entorno, a fim de proporcionar conexão entre essas instituições, espaço público e comunidade.

A programação conta com oficina de customização de roupas, de dança, feira de troca de brinquedos, espetáculo teatral, entre outras atividades. Elas acontecem no sábado (17) entre 9h e 17h. Mais detalhes podem ser verificados aqui, ó: http://bit.ly/1oqaH9T.

Você pode consultar a programação completa da Virada Cultural 2014 no site do Catraca Livre: http://bit.ly/1o7HhQP.

Para mais informações, consulte o site oficial do evento: http://bit.ly/R7jTVL.

Pitacos, angústias, críticas, elogios e sugestões sobre a Virada ou sobre nossa programação, não necessariamente nessa ordem, podem ser expressados abaixo. Beijos, abraços e até o próximo post. ;)