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sexta-feira, 12 de abril de 2013

Os fantasmas de Margaret Thatcher

Maryl Streep (Margaret Thatcher) em "A dama de ferro"

Na manhã do último dia 8 o mundo acordou com a notícia da morte da primeira-ministra britânica
Margaret Thatcher, aos 87 anos, causada por um AVC. Conhecida como dama de ferro, por sua atuação rígida e por vezes inflexível, ela foi a primeira mulher a conduzir o parlamento britânico.

Daí o título do filme - bem como do livro sobre sua vida -, A dama de ferro (2011) que rendeu à Maryl Streep (Margaret Thatcher) o oscar de Melhor Atriz em 2012. A produção está em cartaz no 39º Festival Sesc Melhores Filmes, que acontece até o dia 25 em São Paulo e mais 18 cidades paulistas. (Consulte os locais e a programação: http://melhoresfilmes.sescsp.org.br/programacao)

Gostaria de destacar o brilhante roteiro do filme, assinado por Abi Morgan - lembrando que Thatcher estava viva quando a produção foi escrita e filmada. Sem delonga, a trajetória da primeira-ministra britânica é permeada por fantasmas que rondam os seus pensamentos na última fase da vida. 

Não há linearidade. O que há é uma história plausível e coerente de como Thatcher chegou a um parlamento antes dominado por homens. No entanto, já idosa e destituída do cargo político mais ambicionado do Reino Unido, a senhora primeira-ministra se vê refém de um passado majestoso.

Sua vida, agora, está limitada às fronteiras da própria residência. Não há marido nem filho, já falecidos. Restam-lhe a memória do que foi ou do que poderia ter sido. Nesse tom, flashes revelam quem foi e como surgiu a dama de ferro

Logo no início do filme, um jantar entre figuras britânicas importantes a faz lembrar do embaraço por qual teria passado não fosse o marido, Denis Thatcher (Jim Broadbent), orientá-la no uso adequado dos talheres. Formada pela renomada Universidade de Oxford, mas filha de quitandeiro, a primeira-ministra, em sua juventude, não era habituada a sofisticações.

Em outro momento, mais derradeiro, uma miniatura de soldados localizada em seu aposento traz à memória a guerra para a retomada das Ilhas Malvinas, no Atlântico Sul, que deixou mortos 300 soldados britânicos - talvez, o triunfo mais aclamado da parlamentar.

Da vida familiar, não há muito o que recordar. A política tomara todo o tempo de Thatcher, que passava as madrugadas a escrever discursos aos eleitores. Seu olhar feminino sobre a administração pública, mais irritava que agradava aos seus colegas de partido, pressionados pelas manifestações nas ruas e pelo setor privado. Não obstante a crise econômica-industrial por qual passava a nação britânica, avaliava a política monetária pelo preço do leite ou da manteiga. 

Obstinada, a primeira-ministra dizia que a ela interessava tão-somente a felicidade e a prosperidade dos britânicos. Nesse espírito, conduziu o Reino Unido com mão de ferro por mais de 11 anos.

Veja o trailer:



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Imagem: http://on.fb.me/123xRJA 

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quinta-feira, 21 de março de 2013

Por que "Impressionismo - Paris e a Modernidade" foi um sucesso

No CCBB Rio, atores "interpretam" personagens das telas impressionistas

Não é preciso ser lá um profundo conhecedor de Arte para saber que obras de artistas como Monet, Manet, Van Gogh e Renoir são de grande valia para o mercado e enquanto contribuição artística.

Quadros desses e outros expoentes do Impressionismo estiveram em 2012 na exposição Impressionismo - Paris e a Modernidade no Centro Cultural Banco do Brasil em São Paulo e no Rio.

Sucesso de público, a mostra recebeu 887 mil visitantes no período de seis meses - 561 mil apenas no Rio. Tive a oportunidade de ver as 85 obras do Impressionismo vindas do Museu D'OrsayParis. Não é trocadilho não: as pinturas impressionam. Pela riqueza de detalhes, pelas pinceladas desconcertadas que ganham forma...  

Tema do 54º Aberje Rio, congresso que discute a Comunicação Empresarial, o evento foi abordado sob o prisma da comunicação para com o seu público. Soube por meio do texto de André Burgüer As estratégias para divulgar a exposição Impressionismo - Paris e a Modernidade.

Com a crise que assola a Europa, o Brasil passou a ser o grande filão quando o assunto é shows e mostras culturais - não é de hoje, pois, que vem recebendo eventos desse porte. Mas como explicar o sucesso de público da exposição impressionista no país?

A soma de várias ações integradas, pode-se dizer, é o "segredo". Em primeiro lugar, temos de concordar que a relevância das obras para a humanidade já é um grande chamariz para o evento. Depois, a comunicação assertiva com a imprensa, que também estava interessadíssima em fazer a cobertura da exposição. 

Mas não foi só isso. A equipe responsável pela divulgação da mostra esteve presente nas redes sociais (conheça: Impressionismo - Paris e a Modernidade) e houve ainda aproveitamento por meio dos canais internos do Banco do Brasil.

Eis aí a fórmula do sucesso de público. Aliás, o fenômeno é um ótimo estudo de caso, não? :-D

Fica a dica aos acadêmicos, comunicadores e empreendedores da Comunicação. E que venham mais exposições desse porte para o Brasil.

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quinta-feira, 14 de março de 2013

Fantasias de chão de fábrica

Silmara (Rosanne Mulholland), protagonista de "Falsa Loura"

DILVO RODRIGUES*

Na última segunda-feira (11), a Sessão Brasil (dedicada aos filmes nacionais) exibiu na rede Globo o filme Falsa Loura. O longa conta a história de Silmara (Rosanne Mulholland), uma bela operária (bota bela nisso!), que se envolve amorosamente com os cantores Bruno (Cauã Reymond) e Luís Ronaldo (Maurício Mattar). A produção faz parte de um projeto de quatro roteiros que o diretor Carlos Reichenbach escreveu para homenagear as operárias paulistas. O filme foi lançado em 2007.

Juntamente com outras mulheres, Silmara trabalha na linha de produção de uma fábrica de peças. Com o salário, ela sustenta o pai, um ex-presidiário que mantém relação misteriosa com um conhecido advogado da cidade. Mesmo exercendo uma função aparentemente masculina e vestindo um macacão nada elegante, a loura é conhecida entre as amigas por sua beleza e sensualidade. Não apenas Silmara, mas todas as outras mulheres fazem questão, durante o filme, de mostrarem sua feminilidade. Assista ao trailer:



A personagem coadjuvante Briducha (Djin Sganzerla) é a única que foge ao padrão, sendo motivo de chacotas e piadas entre as companheiras. Porém, no decorrer do longa, a moça passa por uma verdadeira transformação visual, fazendo com Silmara uma dupla de parar os sinais, as calçadas e o metrô de qualquer Avenida Paulista. Com esse filme, Djin foi eleita a melhor atriz coadjuvante no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, em 2007. Curiosidade: a atriz é filha de Rogério Sganzerla, diretor do longa O bandido da Luz Vermelha, clássico do cinema brasileiro, lançado em 1968.

A protagonista Silmara (Rosanne Mulholland) é uma garota honesta, trabalhadora e, como disse, apaixonada por dois cantores. Um deles é Bruno (Cauã Reymond), líder de uma banda pop rock. A garota se envolve com o bonitão, mas percebe que é tratada como uma “vagabunda qualquer”. O outro galã é o cantor romântico Luís Ronaldo, vivido por Maurício Mattar. Diga-se de passagem, o ator e cantor não tem lá uma participação muito feliz na telona dessa vez. 

A meu ver, o mérito do filme está na retratação do universo feminino, em um contexto em que a mulher, apesar de ser dona da própria vida, é vista com um olhar bastante pejorativo por parte dos homens - apenas como objeto sexual. Outro ponto, é que a mulher é traída pela imagem do conquistador-romântico. O sonho de Silmara com Luís Ronaldo, por exemplo, chega a ser juvenil. Da mesma maneira, a curiosidade das colegas sobre os detalhes do relacionamento com Bruno pode dizer muito a respeito das fantasias do universo feminino. Não seria tarefa custosa encontrar exemplos dessa história na vida real.


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Imagem: http://bit.ly/151aA9x  

*Dilvo Rodrigues, 28 anos, é um jornalista mineiro que estuda Cinema e vive em Curitiba. Quando uma boa comida e cachaça não ocupam seu paladar, lê sobre Filosofia, toca violão ou fica admirando as obras pós-impressionistas de Van Gogh. 


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terça-feira, 12 de março de 2013

MOVE!, no Sesc Belenzinho (SP), une moda e arte

Capa do catálogo da exposição MOVE!

Você que gosta de
Moda e Arte não pode perder MOVE!, evento interativo realizado no Sesc Belenzinho, em São Paulo, originário do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque.

Estilistas famosos e artistas se uniram para criar as instalações, que ficam no espaço até o dia 19, com entrada gratuita. Dentre os nomes participantes: Alexandre Herchcovitch, Cynthia Rowley, Pedro Lourenço e Vik Muniz.

A ideia que fica ao visitar o evento é a de que moda e arte se complementam - aliás, aquela não existiria ou se sustentaria sem esta. 

O mais interessante de MOVE!, porém, é a participação do público na construção da mostra, que não faria sentido sem esta interação.

#Ficaadica aos fashionistas, artistas, estudantes, apaixonados por moda e arte e a quem mais possa interessar. (:








p.s.: nesta matéria do UOL Mulher - Moda tem a descrição dos oito trabalhos que estão sendo apresentados no evento.

Serviço:
MOVE!
Sesc Belenzinho
Rua Padre Adelino, 1.000, São Paulo
até 19 de março, das 11h às 21h30 (sábado e domingo, das 10h às 20h)
Gratuita



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sábado, 9 de março de 2013

"Recusa", em cartaz no Itaú Cultural (SP), coloca em xeque mundo 'civilizado'

Atores em cena de "Recusa"

Em um programa de treinamento para uma grande empresa de comunicação, o professor da disciplina de Cultura falava sobre "evolução cultural". Eis que questiono se a cultura europeia seria superior à indígena. Ele parou um instante e disse: "Se considerarmos Cultura como Ciência, podemos dizer que sim. Mas se o seu sentido for puramente moral, talvez seja não a resposta".

Montagem da Cia Balagan, a peça Recusa, em cartaz até amanhã (10/3) no Itaú Cultural, em São Paulo, fez-me voltar a esta questão, cada vez mais latente em mim: na fronteira entre o bárbaro e o civilizado, em qual estágio nos encontramos?

Já que a Arte imita a vida, nada mais justo que ela responda à pergunta que me atormenta. Recusa faz isso - e mais: zomba de nós, nos reduz a pó. Escrito por Luís Alberto de Abreu e dirigido por Maria Thais, o espetáculo foi um dos mais comentados no ano de 2012. Levou o prêmio de Melhor Trabalho Apresentado em Sala Convencional e Melhor Projeto Sonoro pela Cooperativa Paulista de Teatro.

Por sua atuação na peça, os atores Eduardo Okamoto e Antonio Salvador levaram o prêmio de Melhor Ator pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). Além disso, Recusa teve quatro indicações ao Shell (direção, atuação, cenário e música).

O processo de criação da peça começou em 2009 e durou cerca de três anos. Sua equipe conviveu parte desse tempo com o povo indígena Paiter Suruí, na aldeia de Gapgir, em Rondônia.   

O espetáculo conta a história dos índios Pud e Pudleré, únicos sobreviventes da etnia Piripkura, que se acreditava estar extinta há mais de 20 anos. Inspirada na realidade, a peça mostra por que esses índios preferiram a floresta à convivência ou ao contato com o homem branco. É nesse ponto que Recusa coloca em xeque o conceito de civilização aclamado pela tal sociedade do conhecimento: o "progresso" realmente nos civiliza ou nos torna cada vez mais "bárbaros"?

Além  disso, a mostra trata de questões atuais importantes como a demarcação de terras e o desmatamento. Não obstante seu tom político, o espetáculo é quase todo ancorado em causos. Em cena, os personagens brincam, cantam, narram seus sonhos e seu modo de vida "bárbaro" dentro da floresta. Enquanto isso, o riso - aquele de doer a barriga - rola solto. Eles riem mais que nós, homens civilizados.

Serviço:
Recusa - Cia Balagan
Hoje (9/3) às 20h e amanhã (10/3) às 19h
Itaú Cultural
Avenida Paulista, 149, São Paulo
Tel.: (11) 2168-1776
Gratuito (ingressos distribuídos com 30 minutos de antecedência)
Mais informações: www.ciateatrobalagan.com.br

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quinta-feira, 7 de março de 2013

Duas vezes Quentin Tarantino

Cena de "Cães de Aluguel" (1992)

Quem 'enfrentaria' duas vezes
Quentin Tarantino? Estou falando de violência em dobro, tortura em dobro, sangue em dobro... Pois ontem me coloquei o desafio de encarar duas produções deste controverso diretor. Fui assistir Sin City - a cidade do pecado (2005) e Cães de Aluguel (1992), ambas parte da mostra Mondo Tarantino, que vai até o dia 17 de março em São Paulo e Brasília no Centro Cultural Banco do Brasil.

Estava num dia em que queria matar um - prato cheio para cortar a orelha do fulano, castrar o fulano, degolar o fulano. As obras dirigidas por Tarantino, pois, deram-me várias ideias macabras as quais pretendo colocar em prática em cena, no dia em que for ator (risos). É uma merda não conseguir se desconectar da realidade para apreciar um bom filme, razão pela qual precisarei de uma segunda chance, um reencontro com Quentin TarantinoMas vamos lá. 

Comecei por Sin City - a cidade do pecado (2005). Para quem não sabe, o filme, protagonizado por Bruce Willis, é em preto e branco, salvo os tons de vermelho (cor de sangue) e as cores dos olhos de alguns poucos personagens e objetos que se quer enfatizar. São raras, porém, as situações em que o vermelho sangue toma conta da tela. Explico: para não chocar o público, optou-se por manter na tonalidade branca todo aquele mar vermelho característico nos filmes de Tarantino. Já as partes mais macabras do longa (aquelas em que fechamos os olhos para não ver) foram "amenizadas" com o uso de ilustrações. 

A história se passa na fictícia Basin City, onde um lutador de rua busca vingança pela morte de uma garota; um policial prestes a se aposentar aceita proteger uma stripper ameaçada por um maníaco sexual; e um homem decide enfrentar a corrupção policial. Tratam-se de enredos independentes, que têm a ação como ponto de comunhão, gerando no público a expectativa do que vai acontecer na cena seguinte. Veja o trailer:



Cães de Aluguel (1992), por sua vez, privilegia os diálogos - mais longos e ricos. Aqui, Quentin Tarantino também atua e assina o roteiro do filme junto com Roger AvaryNo longa, seis criminosos tentam descobrir quem entre eles é o delator responsável pelo fracasso do plano de assaltar uma relojoaria. Eles estão reunidos em um depósito abandonado, onde, no decorrer da história, recordam os meandros que os fizeram chegar até aquela situação estarrecedora. 

A história poderia ser tensa, trágica, mas, ironicamente, cenas de violência com sangue (muito sangue) encontram, de forma inteligente, eco na comédia, arrancando risos da plateia. Segue o trailer:
  


E eu ainda achava que o mundo pudesse ser cor-de-rosa...

Serviço:
Mondo Tarantino
Centro Cultural Banco do Brasil
Rua Álvares Penteado, 112, São Paulo
Tel.: (11) 3113-3651/3652
R$ 4 (inteira) e R$ 2 (meia)

SCES, Trecho 2, Distrito Federal
Tel.: (61) 3108-7600
Gratuito

Mais informações: www.mondotarantino.com.br

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Cinquentões, Sansão e Mônica são tema de mostra em SP

Exposição está no Memorial da América Latina (foto: RM)

A última vez que fui ao Salão de Atos do Memorial da América Latina, em São Paulo, foi em fevereiro do ano passado para ver os gigantes Guerra e Paz, de Candido Portinari. A fila para visitar os painéis cheios de simbolismos era imensa.

Hoje retornei ao local. Mais por curiosidade do que pela expectativa de apreciar a Arte - e me encantar por ela -, diga-se de passagem. Fui ver Sansão também faz 50 anos, exposição que comemora o cinquentenário da Mônica, personagem dos quadrinhos criada por Mauricio de Sousa.

Para homenagear a dentuça, gorducha e baixinha invocada da
Turma da Mônica, mais de 50 caricaturistas retrataram o coelho Sansão em situações divertidas e inusitadas.

Na caricatura de Fernandes, por exemplo, o coelho foi parar no colo da Mona Lisa, de Leonardo da Vinci.

Caricatura de "Samis" (foto: RM)

E que tal a versão da caricaturista Viviane Yamabuchi para a obra de E. L. James sob o título 50 tons de azul (fofinho)Ok, você nunca quis ser uma Anastasia nem está à procura de um Christian GreyEntão, talvez prefira a caricatura de Maicon Ronald, em que Sansão aparece na versão pirata

O coelho azul que, em 1963 (ano de seu nascimento), era amarelo!, pode ser ainda mascote da Copa e ter o "nó" de suas orelhas imitado pelo craque Neymar, como na caricatura de Samuel Rocha - por que não?

Por falar nisso, Sansão aparece em diversas situações engraçadas da exposição com nós nas orelhas, das quais Mônica se vale para lançar o coelho em quem atravessa o caminho dela - no Cebolinha, principalmente. Coisa de artista... 

Para os adultos, a mostra pode servir de pretexto para dar uma pausa na rotina. Para as crianças, é uma oportunidade para soltar ainda mais a imaginação.

Serviço:
Sansão também faz 50 anos
Terça a domingo, das 9h às 18h
até 21 de abril
Salão dos Atos - Memorial da América Latina
próximo metrô Barra Funda
Gratuita
Estacionamento: R$ 5 (portão 4)

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Oscar 2013: confira os filmes e astros que levaram a estatueta

Elenco de "Argo", vencedor na categoria Melhor Filme

Argo venceu o Oscar 2013 na categoria Melhor Filme. Levou ainda a estatueta de Melhor Roteiro AdaptadoMelhor Edição. Teve sete indicações.

Lincoln, com uma dúzia de indicações, levou apenas duas estatuetas: a de Melhor Ator (Daniel Day-Lewis, visivelmente emocionado) e Melhor Direção de Arte

Com 11 indicações, As aventuras de Pi é o campeão de estatuetas na 85ª edição do Oscar. Levou quatro. Aplaudidíssimo, Ang Lee recebeu o prêmio de Melhor Diretor

Mas o filme conquistou a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood principalmente por sua deslumbrante Fotografia e seus Efeitos Visuais. De quebra, levou também o prêmio de Melhor Trilha Sonora Original.   

A festa do Oscar foi assim, equilibrada. Sem favoritismos - nem Argo nem Lincoln (As aventuras de Pi, talvez).

Jennifer Lawrence tropeçou no Dior, mas garantiu a O lado bom da vida sua única estatueta: é dela o prêmio de Melhor Atriz 

Já quem levou a melhor na categoria Ator Coadjuvante foi Christoph Waltz  (Django Livre). A Django Livre foi concedido também o prêmio de Melhor Roteiro Original

Franca favorita, Anne Hathaway (Os Miseráveis) foi a Melhor Atriz Coadjuvante e o queridíssimo Amor (Michael Haneke) levou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.     

Nada de surpresas, igualmente, na categoria Melhor Canção Original. Quem levou a estatueta foi 007 - Operação Skyfall com a envolvente Skyfall (Adele e Paul Epworth).

Na festa dos astros, é o público quem tem a comemorar.

Confiram abaixo a lista completa dos vencedores:  

***
Melhor Filme
"Argo"

Concorreu com:
"Indomável Sonhadora" ("Beasts of the Southern Wild")
"O Lado Bom da Vida" ("Silver Linings Playbook")
"A Hora Mais Escura" ("Zero Dark Thirty")
"Lincoln"
"Os Miseráveis" ("Les Misérables")
"As Aventuras de Pi" ("Life of Pi")
"Amor" ("Amour")
"Django Livre" ("Django Unchained")

Melhor Diretor
Ang Lee - "As Aventuras de Pi" ("Life of Pi")

Concorreu com:
David O. Russell  - "O Lado Bom da Vida" ("Silver Linings Playbook")
Steven Spielberg - "Lincoln"
Michael Haneke - "Amor" ("Amour")
Benh Zeitlin - "Indomável Sonhadora" ("Beasts of the Southern Wild")

Melhor Ator
Daniel Day-Lewis - "Lincoln"

Concorreu com:
Denzel Washington "Voo" ("Flight")
Hugh Jackman - "Os Miseráveis" ("Les Misérables")
Bradley Cooper - "O Lado Bom da Vida" ("Silver Linings Playbook")
Joaquin Phoenix - "O Mestre" ("The Master")

Melhor Atriz
Jennifer Lawrence  - "O Lado Bom da Vida" ("Silver Linings Playbook")

Concorreu com:
Naomi Watts  - "O Impossível" ("The Impossible")
Jessica Chastain  - "A Hora Mais Escura" ("Zero Dark Thirty")
Emmanuelle Riva  - "Amor" ("Amour")
Quvenzhané Wallis - "Indomável Sonhadora" ("Beasts of the Southern Wild")

Melhor Ator Coadjuvante
Christoph Waltz  - "Django Livre" ("Django Unchained")

Concorreu com:
Philip Seymour-Hoffman  - "O Mestre" ("The Master")
Robert De Niro - "O Lado Bom da Vida" ("Silver Linings Playbook")
Alan Arkin  - "Argo"
Tommy Lee Jones - "Lincoln"

Melhor Atriz Coadjuvante
Anne Hathaway - "Os Miseráveis" ("Les Misérables")

Concorreu com:
Sally Field - "Lincoln"
Jacki Weaver - "O Lado Bom da Vida" ("Silver Linings Playbook")
Helen Hunt - "The Sessions"
Amy Adams - "O Mestre" ("The Master")

Melhor Roteiro Original
"Django Livre" ("Django Unchained")

Concorreu com:
"Voo" ("Flight")
"A Hora Mais Escura" ("Zero Dark Thirty")
“Amor” ("Amour")
"Moonrise Kingdom"

Melhor Roteiro Adaptado
"Argo"

Concorreu com:
"Indomável Sonhadora" ("Beasts of the Southern Wild")
"Lincoln"
"O Lado Bom da Vida" ("Silver Linings Playbook")
"As aventuras de Pi" ("Life of Pi")

Melhor Longa-Metragem de Animação
"Valente"

Concorreu com:
"Frankenweenie"
"Piratas Pirados!"
"Detona Ralph"
"ParaNorman"

Melhor Fotografia
"As Aventuras de Pi" ("Life of Pi")

Concorreu com:
"Anna Karenina"
"Django Livre" ("Django Unchained")
"Lincoln"
"007 - Operação Skyfall" ("Skyfall")


Melhor Direção de Arte
"Lincoln"

Concorreu com:
"Anna Karenina"
"O Hobbit: Uma Jornada Inesperada" ("The Hobbit: An Unexpected Journey")
"Os Miseráveis" ("Les Misérables")
" As Aventuras de Pi" ("Life of Pi")

Melhor Figurino
"Anna Karenina"

Concorreu com:
"Os Miseráveis" ("Les Misérables")
"Lincoln"
"Espelho, Espelho Meu" ("Mirror Mirror")
"Branca de Neve e o Caçador" ("Snow White and the Huntsman")

Melhor Documentário
"Searching for Sugar Man"

Concorreu com:
"5 Broken Cameras"
"The Gatekeepers"
"How to Survive a Plague"
"The Invisible War"

Melhor Documentário Curta-Metragem
"Inocente"

Concorreu com:
"Kings Point"
"Mondays at Racine"
"Open Heart"
"Redemption"

Melhor Edição
"Argo"

Concorreu com:
"As Aventuras de Pi" ("Life of Pi")
"Lincoln"
"O Lado Bom da Vida" ("Silver Linings Playbook")
"A Hora Mais Escura" ("Zero Dark Thirty")

Melhor Filme Estrangeiro
"Amor" (Áustria)

Concorreu com:
"No" (Chile)
"War Witch" (Canadá)
"O Amante da Rainha" (Dinamarca)
"Kon-tiki" (Noruega)

Melhor Trilha Sonora Original
"As Aventuras de Pi" ("Life of Pi")

Concorreu com:
"Anna Karenina"
"Argo"
"Lincoln"
"007 - Operação Skyfall" ("Skyfall")

Melhor Canção Original
"Skyfall" ("007 - Operação Skyfall") – música e letra de Adele e Paul Epworth

Concorreu com:
"Before My Time" ("Chasing Ice") – música e letra de J. Ralph
"Pi's Lullaby" ("As Aventuras de Pi") – Mychael Danna (música) e Bombay Jayashri (letra)
"Suddenly" ("Os Miseráveis") – Claude-Michel Schönberg (música), Herbert Kretzmer (letra) e Alain Boublil (letra)
"Everybody Needs a Best Friend" ("Ted") – Walter Murphy (música) e Seth MacFarlane (letra)

Melhor Curta-Metragem
"Curfew"

Concorreu com:
"Asad"
"Buzkashi Boys"
"Death of a Shadow (Dood van een Schaduw)"
"Henry"

Melhor Curta-Metragem de Animação
"Paperman"

Concorreu com:
"Adam and Dog"
"Fresh Guacamole"
"Head over Heels"
"Maggie Simpson in 'The Longest Daycare'"

Melhor Edição de Som
"A Hora Mais Escura ("Zero Dark Thirty")
"007 - Operação Skyfall"("Skyfall")

Concorreram com:
"Argo"
"Django Livre" ("Django Unchained")
"As Aventuras de Pi" ("Life of Pi")

Melhor Maquiagem
"Os Miseráveis" ("Les Misérables")

Concorreu com:
"Hitchcock"
"O Hobbit: Uma Jornada Inesperada" ("The Hobbit: An Unexpected Journey")

Melhor Mixagem de Som
"Os Miseráveis" ("Les Misérables")

Concorreu com:
"Argo"
"As Aventuras de Pi" ("Life of Pi")
"Lincoln"
"007 - Operação Skyfall"("Skyfall")

Melhores Efeitos Visuais
"As Aventuras de Pi" ("Life of Pi")

Concorreu com: 
"O Hobbit: Uma Jornada Inesperada" ("The Hobbit: An Unexpected Journey")
"Os Vingadores" ("Marvel's The Avengers")
"Prometheus"
"Branca de Neve e o Caçador" ("Snow White and the Huntsman")


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Imagem: http://on.fb.me/Xvs3Xy

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Na saúde e na doença, Amor

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

7 dicas de como usar seu maxicolar

"Maxis" continuam em alta no verão 2013 (foto: corbis.com) 


KARINA DOMINGUES*

Tendência forte no verão 2013, os maxicolares invadiram as passarelas e as ruas. Na balada, no shopping ou no barzinho dificilmente vocês encontrarão alguém sem um maxi.

Como não poderia ser diferente, os maxicolares fazem sucesso também entre famosas e blogueiras. Confesso que sou a-pai-xo-na-da! - tenho vários modelos, para todas as ocasiões.

Para vocês, leitoras do Guia, darei algumas dicas de como utilizar seu maxicolar de forma harmônica, sem exagero. Se usado adequadamente, fica super elegante, fashion e dá um ar moderníssimo no look.

p.s.: São dicas super legais para vocês acertarem na hora da produção. Aproveitem as super ideias de como usar seu maxicolar - e arrasem!

1. Usar o maxicolar com um pretinho básico valoriza o look. Além disso, combina com todas as cores e formas!

2. Para chamar ainda mais a atenção para seus maxicolares, a dica é usar o cabelo preso.
3. Escolham acessórios discretos para harmonizar com seu maxi. Assim, vocês destacam o maxicolar sem exagerar no look.
Maxicolar no trabalho pode! (foto: corbis.com)
4. No trabalho, para fugir da monotonia dos looks corporativos, a dica é combinar o maxicolar com camisas lisas ou brancas e, até mesmo, com os vestidos básicos. Dá um super destaque!
5. Essa é para as adeptas ao estilo retrô: querem dar uma modernizada no look sem perder a essência do vintage? Então, utilizem um maxicolar para inovar na produção. Super tendência!
6. Na dúvida do que colocar com short e blusinha? Um maxicolar muda todo o look, tornando-o hi-lo. ;-)
7. Para as mais ousadas, usem os “maxis” longos e poderosos. Seu look ficará ma-ra-vi-lho-so! (= de arrasar). Garanto.
Se vocês optarem por uma blusa ou um vestido com muito brilho ou por uma estampa mais elaborada, guardem o maxi para outra ocasião. Fica exagerado e deselegante.
Gostaram das dicas? Inspirem-se e arrasem nos maxicolares, meninas!
***

*Karina Domingues, 27 anos, é daquelas jornalistas que sabem de tudo um pouco: política, economia, esportes... É a-pai-xo-na-da por Moda.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Na saúde e na doença, Amor

Georges (Jean Louis Trintignant) e Anne (Emmanuelle Riva)

DILVO RODRIGUES*

Causou estranheza a Hollywood o anúncio do diretor austríaco Michael Haneke ao revelar que iria produzir um filme sobre um dos sentimentos humanos mais nobres. Não se imaginava, é provável, que Amor (Amour, 2012) viria a concorrer às estatuetas do Oscar 2013 em cinco categorias (Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Atriz, Melhor Roteiro Original, Melhor Filme de Língua Estrangeira). 

Pois bem, Amor não é apenas mais uma história de amor. Aos que ainda não viram o filme, explico: o drama, uma coautoria entre França, Alemanha e Áustria, conta a história de Georges e Anne, um casal de aposentados, que vivem a dura fase da decadência do corpo e da mente, ao mesmo tempo em que o som dos sinos titilantes daquele amor de juventude parece distante, quase inaudível. 

Anne, personagem interpretada magnificamente pela atriz francesa Emmanuelle Riva, foi professora de música clássica, mas ainda é apaixonada pela arte. Paixão compartilhada pelo marido, Georges, interpretado pelo também francês Jean Louis Trintignant. Eles vivem de forma tranquila em um espaçoso apartamento na bela Paris. A rotina de Georges e Anne, entretanto, é totalmente alterada quando a ex-professora sofre um derrame. Georges assume então a via crucis dos cuidados médicos para com a esposa.

 

Vários filmes sobre velhice já foram feitos, outros inúmeros sobre amor. Mas, tratar dos dois assuntos de maneira tão direta não é algo costumeiro nas telonas. E, aqui, arrisco a colocar no mesmo balaio tanto o mainstream hollywoodiano como o cinema independente, autoral, underground etc. 

A questão é que Haneke escolhe outros caminhos de narrativa e de linguagem cinematográfica. Lança mão de planos longos, que dão um ritmo bastante peculiar à sequência - o que pode provocar certa impaciência aos menos adaptados ao cinema conceitual (vide A Árvore da Vida, 2011), já que a chegada do momento derradeiro de Anne é demorado, sofrido. A câmera é fixa e mantém certo distanciamento dos personagens dentro da cena. Há acontecimentos que ocorrem fora do ângulo de visão da câmera. Os personagens se perdem em diálogos que são secundários à trama. Posso dizer que todas essas "escolhas" foram felizes, já que, com o filme, Haneke faturou sua segunda Palma de Ouro no último Festival de Cannes.
 
Mas, convenhamos, grande parte da atmosfera reflexiva, trágica, depressiva de
Amor está sobre os ombros dos atores. Eles dão, de sobra, conta do recado. Na pele de Anne, Emmanuelle Riva transmite a cada espasmo uma discordância com seu trágico destino. Era como se dissesse a Georges: “Prefiro morrer a continuar assim.” Sem dúvida que essa mensagem era recorrente nos pensamentos dele, desencadeando questões como: “Eu a amo tanto, como posso suportar o seu sofrimento?”. Talvez, seja uma questão como essa a causa do clímax, fazendo com que até um dos sentimentos mais nobres da natureza humana assuma no filme uma faceta cruel. Mas ainda assim, é amor.

Ficha: Amor (Amour)> Drama, Áustria/França/Alemanha, 2012. Duração: 127 minutos. 


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Imagem: http://on.fb.me/VnCMSY 

*Dilvo Rodrigues, 28 anos, é um jornalista mineiro que estuda Cinema e vive em Curitiba. Quando uma boa comida e cachaça não ocupam seu paladar, lê sobre Filosofia, toca violão ou fica admirando as obras pós-impressionistas de Van Gogh.