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quinta-feira, 21 de março de 2013

Por que "Impressionismo - Paris e a Modernidade" foi um sucesso

No CCBB Rio, atores "interpretam" personagens das telas impressionistas

Não é preciso ser lá um profundo conhecedor de Arte para saber que obras de artistas como Monet, Manet, Van Gogh e Renoir são de grande valia para o mercado e enquanto contribuição artística.

Quadros desses e outros expoentes do Impressionismo estiveram em 2012 na exposição Impressionismo - Paris e a Modernidade no Centro Cultural Banco do Brasil em São Paulo e no Rio.

Sucesso de público, a mostra recebeu 887 mil visitantes no período de seis meses - 561 mil apenas no Rio. Tive a oportunidade de ver as 85 obras do Impressionismo vindas do Museu D'OrsayParis. Não é trocadilho não: as pinturas impressionam. Pela riqueza de detalhes, pelas pinceladas desconcertadas que ganham forma...  

Tema do 54º Aberje Rio, congresso que discute a Comunicação Empresarial, o evento foi abordado sob o prisma da comunicação para com o seu público. Soube por meio do texto de André Burgüer As estratégias para divulgar a exposição Impressionismo - Paris e a Modernidade.

Com a crise que assola a Europa, o Brasil passou a ser o grande filão quando o assunto é shows e mostras culturais - não é de hoje, pois, que vem recebendo eventos desse porte. Mas como explicar o sucesso de público da exposição impressionista no país?

A soma de várias ações integradas, pode-se dizer, é o "segredo". Em primeiro lugar, temos de concordar que a relevância das obras para a humanidade já é um grande chamariz para o evento. Depois, a comunicação assertiva com a imprensa, que também estava interessadíssima em fazer a cobertura da exposição. 

Mas não foi só isso. A equipe responsável pela divulgação da mostra esteve presente nas redes sociais (conheça: Impressionismo - Paris e a Modernidade) e houve ainda aproveitamento por meio dos canais internos do Banco do Brasil.

Eis aí a fórmula do sucesso de público. Aliás, o fenômeno é um ótimo estudo de caso, não? :-D

Fica a dica aos acadêmicos, comunicadores e empreendedores da Comunicação. E que venham mais exposições desse porte para o Brasil.

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quinta-feira, 14 de março de 2013

Fantasias de chão de fábrica

Silmara (Rosanne Mulholland), protagonista de "Falsa Loura"

DILVO RODRIGUES*

Na última segunda-feira (11), a Sessão Brasil (dedicada aos filmes nacionais) exibiu na rede Globo o filme Falsa Loura. O longa conta a história de Silmara (Rosanne Mulholland), uma bela operária (bota bela nisso!), que se envolve amorosamente com os cantores Bruno (Cauã Reymond) e Luís Ronaldo (Maurício Mattar). A produção faz parte de um projeto de quatro roteiros que o diretor Carlos Reichenbach escreveu para homenagear as operárias paulistas. O filme foi lançado em 2007.

Juntamente com outras mulheres, Silmara trabalha na linha de produção de uma fábrica de peças. Com o salário, ela sustenta o pai, um ex-presidiário que mantém relação misteriosa com um conhecido advogado da cidade. Mesmo exercendo uma função aparentemente masculina e vestindo um macacão nada elegante, a loura é conhecida entre as amigas por sua beleza e sensualidade. Não apenas Silmara, mas todas as outras mulheres fazem questão, durante o filme, de mostrarem sua feminilidade. Assista ao trailer:



A personagem coadjuvante Briducha (Djin Sganzerla) é a única que foge ao padrão, sendo motivo de chacotas e piadas entre as companheiras. Porém, no decorrer do longa, a moça passa por uma verdadeira transformação visual, fazendo com Silmara uma dupla de parar os sinais, as calçadas e o metrô de qualquer Avenida Paulista. Com esse filme, Djin foi eleita a melhor atriz coadjuvante no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, em 2007. Curiosidade: a atriz é filha de Rogério Sganzerla, diretor do longa O bandido da Luz Vermelha, clássico do cinema brasileiro, lançado em 1968.

A protagonista Silmara (Rosanne Mulholland) é uma garota honesta, trabalhadora e, como disse, apaixonada por dois cantores. Um deles é Bruno (Cauã Reymond), líder de uma banda pop rock. A garota se envolve com o bonitão, mas percebe que é tratada como uma “vagabunda qualquer”. O outro galã é o cantor romântico Luís Ronaldo, vivido por Maurício Mattar. Diga-se de passagem, o ator e cantor não tem lá uma participação muito feliz na telona dessa vez. 

A meu ver, o mérito do filme está na retratação do universo feminino, em um contexto em que a mulher, apesar de ser dona da própria vida, é vista com um olhar bastante pejorativo por parte dos homens - apenas como objeto sexual. Outro ponto, é que a mulher é traída pela imagem do conquistador-romântico. O sonho de Silmara com Luís Ronaldo, por exemplo, chega a ser juvenil. Da mesma maneira, a curiosidade das colegas sobre os detalhes do relacionamento com Bruno pode dizer muito a respeito das fantasias do universo feminino. Não seria tarefa custosa encontrar exemplos dessa história na vida real.


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Imagem: http://bit.ly/151aA9x  

*Dilvo Rodrigues, 28 anos, é um jornalista mineiro que estuda Cinema e vive em Curitiba. Quando uma boa comida e cachaça não ocupam seu paladar, lê sobre Filosofia, toca violão ou fica admirando as obras pós-impressionistas de Van Gogh. 


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terça-feira, 12 de março de 2013

MOVE!, no Sesc Belenzinho (SP), une moda e arte

Capa do catálogo da exposição MOVE!

Você que gosta de
Moda e Arte não pode perder MOVE!, evento interativo realizado no Sesc Belenzinho, em São Paulo, originário do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque.

Estilistas famosos e artistas se uniram para criar as instalações, que ficam no espaço até o dia 19, com entrada gratuita. Dentre os nomes participantes: Alexandre Herchcovitch, Cynthia Rowley, Pedro Lourenço e Vik Muniz.

A ideia que fica ao visitar o evento é a de que moda e arte se complementam - aliás, aquela não existiria ou se sustentaria sem esta. 

O mais interessante de MOVE!, porém, é a participação do público na construção da mostra, que não faria sentido sem esta interação.

#Ficaadica aos fashionistas, artistas, estudantes, apaixonados por moda e arte e a quem mais possa interessar. (:








p.s.: nesta matéria do UOL Mulher - Moda tem a descrição dos oito trabalhos que estão sendo apresentados no evento.

Serviço:
MOVE!
Sesc Belenzinho
Rua Padre Adelino, 1.000, São Paulo
até 19 de março, das 11h às 21h30 (sábado e domingo, das 10h às 20h)
Gratuita



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sábado, 9 de março de 2013

"Recusa", em cartaz no Itaú Cultural (SP), coloca em xeque mundo 'civilizado'

Atores em cena de "Recusa"

Em um programa de treinamento para uma grande empresa de comunicação, o professor da disciplina de Cultura falava sobre "evolução cultural". Eis que questiono se a cultura europeia seria superior à indígena. Ele parou um instante e disse: "Se considerarmos Cultura como Ciência, podemos dizer que sim. Mas se o seu sentido for puramente moral, talvez seja não a resposta".

Montagem da Cia Balagan, a peça Recusa, em cartaz até amanhã (10/3) no Itaú Cultural, em São Paulo, fez-me voltar a esta questão, cada vez mais latente em mim: na fronteira entre o bárbaro e o civilizado, em qual estágio nos encontramos?

Já que a Arte imita a vida, nada mais justo que ela responda à pergunta que me atormenta. Recusa faz isso - e mais: zomba de nós, nos reduz a pó. Escrito por Luís Alberto de Abreu e dirigido por Maria Thais, o espetáculo foi um dos mais comentados no ano de 2012. Levou o prêmio de Melhor Trabalho Apresentado em Sala Convencional e Melhor Projeto Sonoro pela Cooperativa Paulista de Teatro.

Por sua atuação na peça, os atores Eduardo Okamoto e Antonio Salvador levaram o prêmio de Melhor Ator pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). Além disso, Recusa teve quatro indicações ao Shell (direção, atuação, cenário e música).

O processo de criação da peça começou em 2009 e durou cerca de três anos. Sua equipe conviveu parte desse tempo com o povo indígena Paiter Suruí, na aldeia de Gapgir, em Rondônia.   

O espetáculo conta a história dos índios Pud e Pudleré, únicos sobreviventes da etnia Piripkura, que se acreditava estar extinta há mais de 20 anos. Inspirada na realidade, a peça mostra por que esses índios preferiram a floresta à convivência ou ao contato com o homem branco. É nesse ponto que Recusa coloca em xeque o conceito de civilização aclamado pela tal sociedade do conhecimento: o "progresso" realmente nos civiliza ou nos torna cada vez mais "bárbaros"?

Além  disso, a mostra trata de questões atuais importantes como a demarcação de terras e o desmatamento. Não obstante seu tom político, o espetáculo é quase todo ancorado em causos. Em cena, os personagens brincam, cantam, narram seus sonhos e seu modo de vida "bárbaro" dentro da floresta. Enquanto isso, o riso - aquele de doer a barriga - rola solto. Eles riem mais que nós, homens civilizados.

Serviço:
Recusa - Cia Balagan
Hoje (9/3) às 20h e amanhã (10/3) às 19h
Itaú Cultural
Avenida Paulista, 149, São Paulo
Tel.: (11) 2168-1776
Gratuito (ingressos distribuídos com 30 minutos de antecedência)
Mais informações: www.ciateatrobalagan.com.br

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quinta-feira, 7 de março de 2013

Duas vezes Quentin Tarantino

Cena de "Cães de Aluguel" (1992)

Quem 'enfrentaria' duas vezes
Quentin Tarantino? Estou falando de violência em dobro, tortura em dobro, sangue em dobro... Pois ontem me coloquei o desafio de encarar duas produções deste controverso diretor. Fui assistir Sin City - a cidade do pecado (2005) e Cães de Aluguel (1992), ambas parte da mostra Mondo Tarantino, que vai até o dia 17 de março em São Paulo e Brasília no Centro Cultural Banco do Brasil.

Estava num dia em que queria matar um - prato cheio para cortar a orelha do fulano, castrar o fulano, degolar o fulano. As obras dirigidas por Tarantino, pois, deram-me várias ideias macabras as quais pretendo colocar em prática em cena, no dia em que for ator (risos). É uma merda não conseguir se desconectar da realidade para apreciar um bom filme, razão pela qual precisarei de uma segunda chance, um reencontro com Quentin TarantinoMas vamos lá. 

Comecei por Sin City - a cidade do pecado (2005). Para quem não sabe, o filme, protagonizado por Bruce Willis, é em preto e branco, salvo os tons de vermelho (cor de sangue) e as cores dos olhos de alguns poucos personagens e objetos que se quer enfatizar. São raras, porém, as situações em que o vermelho sangue toma conta da tela. Explico: para não chocar o público, optou-se por manter na tonalidade branca todo aquele mar vermelho característico nos filmes de Tarantino. Já as partes mais macabras do longa (aquelas em que fechamos os olhos para não ver) foram "amenizadas" com o uso de ilustrações. 

A história se passa na fictícia Basin City, onde um lutador de rua busca vingança pela morte de uma garota; um policial prestes a se aposentar aceita proteger uma stripper ameaçada por um maníaco sexual; e um homem decide enfrentar a corrupção policial. Tratam-se de enredos independentes, que têm a ação como ponto de comunhão, gerando no público a expectativa do que vai acontecer na cena seguinte. Veja o trailer:



Cães de Aluguel (1992), por sua vez, privilegia os diálogos - mais longos e ricos. Aqui, Quentin Tarantino também atua e assina o roteiro do filme junto com Roger AvaryNo longa, seis criminosos tentam descobrir quem entre eles é o delator responsável pelo fracasso do plano de assaltar uma relojoaria. Eles estão reunidos em um depósito abandonado, onde, no decorrer da história, recordam os meandros que os fizeram chegar até aquela situação estarrecedora. 

A história poderia ser tensa, trágica, mas, ironicamente, cenas de violência com sangue (muito sangue) encontram, de forma inteligente, eco na comédia, arrancando risos da plateia. Segue o trailer:
  


E eu ainda achava que o mundo pudesse ser cor-de-rosa...

Serviço:
Mondo Tarantino
Centro Cultural Banco do Brasil
Rua Álvares Penteado, 112, São Paulo
Tel.: (11) 3113-3651/3652
R$ 4 (inteira) e R$ 2 (meia)

SCES, Trecho 2, Distrito Federal
Tel.: (61) 3108-7600
Gratuito

Mais informações: www.mondotarantino.com.br